Como escolher o filtro de seringa?

Como escolher o filtro de seringa?

Os cromatógrafos são equipamentos que funcionam em condições muito específicas, as injeções são de microvolumes, o fluxo de solvente é baixo e atingem grandes taxas de pressão. Um HPLC pode trabalhar na casa dos 5000psi, já um UPLC pode chegar aos incríveis 15000psi. Isso deixa claro que os componentes internos são extremamente delicados e precisamos ter cuidados com o que injetamos no sistema.

Uma amostra não filtrada pode conter partículas grandes demais para o aparelho. Tais partículas, em um primeiro momento, podem causar “apenas” o entupimento da agulha ou no loop do injetor, mas se continuarem a percorrer o sistema, os problemas podem aumentar de tamanho e complexidade para resolver.

O entupimento mais comum acontece na pré-coluna e coluna, mas os danos podem ocorrer em todo o sistema, incluindo injetor e detector. Mesmo que a obstrução não ocorra, a lenta acumulação de partículas ao longo do tempo pode afetar a taxa de fluxo e criar interferências que reduzem a reprodutibilidade geral das análises.

Ou seja, o simples ato de filtrar sua amostra pode evitar que:

  • Substitua a coluna e pré-coluna antes do planejado;
  • Tenha gastos com manutenção;
  • Perca tempo investigando a causa do problema ou tendo retrabalho ao realizar a corrida novamente

Escolhendo o filtro de seringa correto

Escolhendo o filtro de seringa correto

Para selecionar o filtro mais adequado à sua amostra, alguns fatores importantes precisam ser cuidadosamente observados:

  1. Porosidade
    Para as análises por HPLC, onde as partículas da coluna são maiores ou iguais a 3μm, os filtros com 0,45μm de porosidade são recomendados. Já nas análises por UPLC, que utilizam colunas sub 3μm, os filtros com 0,22μm precisam ser utilizados.
  2. Volume de amostra
    Caso tenha limitação de amostra, ou sua preparação seja muito cara e o desperdício não pode ocorrer, utilize filtros com 13mm de diâmetro (1,13cm² de área de filtração efetiva). Ele é capaz de filtrar até 10ml*. Já se sua amostra é abundante, ou precisa realizar a filtragem de uma quantidade maior de solução, utilize o filtro com 25mm de diâmetro (4,12cm² de área de filtração efetiva). Este modelo é capaz de filtrar até 100ml*.*O volume máximo de filtração depende da quantidade de partículas na amostra. A capacidade máxima de filtração é inversamente proporcional à quantidade partículas da amostra.
  3.  Compatibilidade química dos filtros de seringa
    Há diferentes filtros, cada tipo de amostra tem uma performance melhor com um modelo específico, pois toda membrana possui uma característica química diferente, que deve estar alinhada com a solução filtrada, caso contrário, durante a filtração, a membrana pode interagir de forma indesejada com o solvente, sofrer degradação e permitir a passagem de partículas. Você pode conseguir essa informação nessa tabela, (clique para abrir) mas confira abaixo um resumo sobre a compatibilidade dos filtros:
  • Acetato de celulose Hidrofílico: Possui baixa ligação proteica. Usado principalmente para análise de água
  • PES (Polietersulfona) Hidrofílico: Possui baixa ligação proteica e ótima compatibilidade com ácidos, bases e oxidantes. Geralmente utilizado para a filtração de soluções com grande concentração de proteínas
  • Nylon (Poliamida) Hidrofílico: Baixa taxa de extraíveis e ampla compatibilidade química. Recomendado para clarificação de amostras e tampões para HPLC e GC.
  • MCE (Ésteres de celulose mistos) Hidrofílico: Esse filtro é composto por uma mistura de Nitrato e Acetato de celulose. Isso proporciona uma superfície muito mais uniforme do os dois materiais puros, fato que torna sua biocompatibilidade muito alta. Comumente utilizada para clarificação de amostras biológicas e preparação de amostras cromatográficas.
  • PTFE (Politetrafluoretileno) Hidrofílico: O tratamento hidrofílico proporciona que todos os benefícios do PTFE (ampla compatibilidade química, resistem, inclusive, aos ácidos fortes, operam em altas temperaturas (até 130°C) e conseguem entregar altas taxas de fluxo) sejam também utilizados com amostras aquosas. Possui excelente desempenho na clarificação de solvente aquosos agressivos, como Aminas, cetonas e polares apróticos.
  • PVDF (Fluoreto de polivinilideno​) Hidrofílico: Tratamento hidrofílico permanente, possibilitando uso com soluções aquosas. Muito utilizado na filtração de soluções proteicas/enzimáticas.
  • PTFE (Politetrafluoretileno) Hidrofóbico: Altamente hidrofóbico, alta resistência térmica (temperatura máxima de operação: 130° C) e baixa taxa de extraíveis. Um dos filtros mais utilizado na preparação de amostras apolares.
  • PVDF (Fluoreto de polivinilideno​) Hidrofóbico: Baixa ligação proteica e altamente hidrofóbico. Recomendado para laboratórios de controle de qualidade da indústria alimentícia.

Conclusão

O investimento em filtros de seringa, quando comparado aos possíveis danos causados por partículas indesejadas no cromatógrafo, é mínimo. Um analista sabe quanto custa uma coluna, uma pré-coluna e até mesmo a hora técnica de um especialista. Portanto, caso ainda não utilize esse tipo de consumíveis em seu laboratório, cogite inseri-los em sua rotina, em seus métodos, o quanto antes. Esse texto buscou deixar claro como escolher o filtro de seringa, mas se ainda tiver alguma dúvida, entre em contato conosco!

Ainda não sabe como utilizar o filtro de seringa corretamente? Confira esse manual. (clique para abrir)