Posso reutilizar os vials? Um estudo sobre a reutilização de vials e tampas
Quando vials para amostradores automáticos são utilizados no laboratório, geralmente, os procedimentos indicam que tanto os frascos quanto as tampas/septos devem ser descartados após o uso. Buscando reduzir o custo dos consumíveis, muitas vezes a máquina de lavar vidrarias também é, indevidamente, usada para esses materiais.
O estudo a seguir mostra que essa “limpeza” além de causar danos físicos ao vidro, é inefetiva para remover os contaminantes da superfície do vial. Essa contaminação é imprevisível e produz interferência de pico nas aplicações de HPLC e GC, fato que trará resultados falhos e obrigará o analista realizar toda a análise novamente.
O experimento compara três tipos de vials:
- Amostra 1: Vial de rosca 9mm transparente lavado/reutilizado
- Amostra 2: Vial de rosca 9mm âmbar lavado/reutilizado
- Amostra 3: Vial de rosca 9mm transparente Novo
Teste: Taxa de Evaporação dos Vials
Evaporação em temperatura ambiente:
– Os frascos foram preenchidos com metanol e ficaram em temperatura ambiente por 1 hora;
– O peso inicial foi aferido com uma balança analítica;
– Os vials foram colocados em rack de amostras e permaneceram em temperatura ambiente por 1 semana;
– Após esse período os vials foram pesados e a perda em gramas foi a calculada.
Evaporação em alta temperatura:
– Os vials foram inseridos no rack e incubados por 24h em temperatura de 40 °C;
– Após esse período os vials foram pesados e a perda em gramas foi calculada.
Os dados sobre a evaporação estão nas figuras abaixo:
Os níveis de evaporação são maiores nos vials que foram lavados e reutilizados.
Microestrutura da superfície do vidro
Os vials cromatográficos são formados por tubos de vidro borossilicato de alta qualidade, que são fundidos e tem a espessura e diâmetro externo formatados. Após isso, esse tubo é novamente aquecido e formato do vial e fechamento (rosca ou crimp) são formatados. Antes da embalagem final, para garantir uma superfície pura e sem nenhuma ranhura ou arranhões, o frasco passa novamente pelo forno de alta temperatura, para o chamado recozimento.
Quando reutilizados, geralmente a parte interna apresenta arranhões ou pequenas quebras, fazendo com que a superfície não seja mais uniforme. Verificar análise microscópica nas figuras abaixo:
Esses danos físicos podem ocasionar as seguintes consequências:
– As mudanças nas taxas de evaporação trarão incertezas sobre a concentração de amostras e padrões;
– As alterações da superfície interna aumentarão os riscos de adsorção permanente de amostras no vial, principalmente de solutos básicos;
– O vial pode quebrar durante o transporte no amostrador automático, trazendo risco de danos ao equipamento e retrabalho com a amostra.
Conclusão
Os resultados cromatográficos podem ser comprometidos pela reutilização dos vials. Isso pode trazer picos não-reprodutíveis aleatórios à métodos cromatográficos estáveis. Essa pode ser a maior fonte de falhas inexplicáveis que, frequentemente, demandam realizar retestes de corridas inteiras, muitas vezes desde os estágios de preparação de amostra. Colocando na ponta do lápis, o tempo gasto na resolução/investigação desses problemas dificilmente compensará a reutilização desses consumíveis. Os cromatógrafos são equipamentos sensíveis e, para que seus resultados sejam precisos e reprodutíveis, é essencial que vials e septos novos sejam utilizados em cada análise.
Referências técnicas
Tradução e adaptação: Diego Carelli
Referência:Results of using re-washed vials and closures. Loy Shick e Brian King – Thermo Fisher Scientific.
Acesso em 30/03/2021, disponível em: https://assets.thermofisher.com/TFS-Assets/CMD/Technical-Notes/tn-20670-ccs-rewashed-vials-closures-tn20670-en.pdf